Pleito foi suspenso há uma semana após tumulto envolvendo advogados, moradores e homem acusado de tráfico de drogas e ameaças; caso levanta dúvidas sobre a validade de procurações e interferência externa no processo eleitoral
Manaus (AM) — Segundo informações divulgadas no Portal Mix da Blogueirinha, o que deveria ser uma eleição tranquila para a escolha do síndico do Condomínio Forest Hill, localizado na Avenida Torquato Tapajós, zona Norte de Manaus, transformou-se em um episódio de confusão, acusações e suspeitas de ilegalidades. O pleito, marcado para 30 de outubro de 2025, foi suspenso após um tumulto envolvendo moradores, advogados e pessoas ligadas a um homem investigado por tráfico de drogas, que teria ameaçado moradores que não votassem no candidato de sua preferência.
Casal de fora tenta interferir na eleição
Segundo documentos obtidos pela reportagem, o casal Joice Motta da Silva Matheus e André Gustavo Chaves Matheus, que não residem no condomínio, participou da assembleia munido de procurações assinadas por moradores, entre eles Carlos Ronaldo Lima Barroco Filho e Vanessa Nunes Zogahib.
Os documentos, lavrados em cartório um dia antes da eleição e com validade por tempo indeterminado, concediam amplos poderes de representação, inclusive para votar, ser votado, examinar documentos e assinar atas.
O caso levantou questionamentos jurídicos, uma vez que o casal não possui vínculo residencial com o Forest Hill, o que pode tornar nula a participação, conforme o regulamento interno do condomínio e os princípios do direito condominial.
A assembleia terminou em bate-boca, ameaças e insultos. Vídeos gravados pelos próprios condôminos mostram Joice tentando deixar o salão social sem devolver a procuração e discussões acaloradas com o síndico, que tentava manter o prosseguimento da votação.
De acordo com moradores, Joice e André foram expulsos anteriormente do Condomínio Reserva das Praias, onde atuavam como síndicos profissionais e teriam agredido vizinhos, o que reforça o histórico de comportamento conflituoso do casal.
Ameaças e histórico criminal
Durante a assembleia, o advogado Serafim José Taveira Júnior (OAB/AM nº 10.282) e seu cliente Deusmir Marques de Oliveira — este último investigado por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa — foram apontados por testemunhas como responsáveis por incitar o tumulto e intimidar moradores que apoiavam a chapa oposta.
Segundo relatos obtidos pela reportagem, Deusmir chegou a ameaçar moradores que não votassem em seu candidato e tentou pressionar o síndico Antônio Ferreira de Oliveira Júnior a desistir da disputa.
Deusmir, que já foi alvo de operação da Polícia Federal dentro do próprio condomínio, responde aos processos nº 060XXXX-50.2023.8.04.6900, que tramita na Comarca de São Gabriel da Cachoeira (TJAM), e outro na Comarca de Manaus, ambos relacionados a tráfico de drogas e ocultação de bens.
Moradores afirmam que essa não foi a primeira vez que o investigado protagonizou episódios de violência. Nas eleições de 2022, ele teria atirado pedras na residência do atual síndico, por divergências políticas — fato confirmado por vizinhos e registrado em boletim anterior.
Dias atrás houve confusão e tentativa de subtração de celular
Em outra ocasião, o mesmo Deusmir Marques, morador acusado de ameaças, havia se envolvido em uma confusão com o síndico.
Vídeos mostram Deusmir correndo atrás do síndico e também sua esposa, Giselle Etelvina Silva Martins, discutindo com ele durante a execução de uma obra na área da churrasqueira do condomínio.
Giselle chegou a registrar boletim de ocorrência, alegando agressão, mas o laudo do IML, datado de 16 de outubro de 2025, apontou apenas escoriação superficial no punho esquerdo, sem incapacidade permanente — o que contradiz a versão de violência grave apresentada por ela.
Administração repudia ameaças e cita histórico criminal
Em nota oficial, a administração do Condomínio Forest Hill lamentou os fatos e afirmou que o síndico foi vítima de perseguição e ameaças reiteradas.
O comunicado destaca que, durante a confusão, o agressor tentou subtrair o celular pessoal do síndico, que continha senhas bancárias e dados sensíveis do condomínio.
“Não houve quaisquer agressões contra a mulher, mesmo diante das provocações. O síndico apenas impediu que subtraíssem seu aparelho celular, evitando o acesso indevido a informações sigilosas”, diz o texto.
A nota também menciona que Deusmir possui extenso histórico criminal, incluindo processos por tráfico de entorpecentes, receptação qualificada e participação em organização criminosa — fatos que agora voltam a ser analisados à luz das novas denúncias e registros feitos no dia da eleição.

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