EUA ampliam tensão no Caribe com envio de porta-aviões sob pretexto de combater “narco-terrorismo”

EUA ampliam tensão no Caribe com envio de porta-aviões sob pretexto de combater “narco-terrorismo”

Ordem de Trump para deslocar o USS Gerald R. Ford aproxima região de uma nova crise diplomática e militar

Por Redação | Amazônia Realidade

Brasília (DF) - A decisão do governo dos Estados Unidos de enviar o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado de sua frota, ao mar do Caribe provocou nova onda de tensão internacional. Sob o argumento de combater “narco-terroristas ligados à Venezuela”, a medida foi autorizada pelo ex-presidente Donald Trump, reacendendo o temor de uma escalada militar na região.

De acordo com o Departamento de Defesa norte-americano, a missão tem como objetivo “detectar, monitorar e neutralizar organizações criminosas transnacionais” que operam no tráfico de drogas. No entanto, diplomatas latino-americanos e analistas em segurança internacional avaliam que a operação tem um forte componente político e representa uma pressão direta sobre o governo de Nicolás Maduro.

O maior deslocamento militar dos EUA no Caribe em décadas

O envio do grupo de ataque liderado pelo USS Gerald R. Ford inclui cruzadores, destróieres, submarinos nucleares e aeronaves de vigilância. É a maior presença militar americana na região em mais de vinte anos. Desde setembro, as forças dos EUA realizaram dez ataques a embarcações suspeitas de tráfico, resultando na morte de seis pessoas, segundo informações do Pentágono.

O governo dos Estados Unidos sustenta que as ações fazem parte de uma ofensiva contra o narcotráfico internacional, mas países como Colômbia e México criticaram a falta de coordenação regional e questionaram a legalidade das operações em águas internacionais.

Venezuela reage e fala em “ato de provocação”

Em resposta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro classificou a movimentação militar como uma “agressão disfarçada” e ordenou o reforço das defesas costeiras. Caracas afirma que o verdadeiro objetivo dos Estados Unidos é desestabilizar politicamente o governo venezuelano e preparar o terreno para uma intervenção militar.

“Não se trata de combater o narcotráfico, mas de impor o poderio militar americano sobre a América Latina”, declarou Maduro em pronunciamento transmitido pela televisão estatal.

O pano de fundo político e o risco de escalada

Especialistas em geopolítica afirmam que a ofensiva no Caribe tem também motivação interna, em um contexto de forte polarização nos Estados Unidos e da tentativa de Donald Trump de reafirmar sua liderança global.

Para o analista internacional Carlos Bianchi, “o uso do termo ‘narco-terrorismo’ é estratégico, pois permite justificar ações militares fora do território americano sob a bandeira da segurança hemisférica”.

O risco, segundo Bianchi, é que a operação acabe “abrindo espaço para uma crise regional” capaz de envolver países fronteiriços como Colômbia, Brasil e Guiana, transformando o Caribe em um novo foco de instabilidade.

O que está em jogo

Soberania regional: a movimentação militar americana desafia os princípios de não intervenção e ameaça a autonomia dos países caribenhos e sul-americanos.

Direito internacional: o enquadramento de grupos criminosos como “terroristas” levanta dúvidas sobre a legalidade das ações em águas internacionais.

Risco humanitário: uma escalada militar poderia afetar rotas comerciais, fluxos migratórios e provocar novas tensões sociais na região.

Alerta para o Brasil e a Amazônia

Embora distante do epicentro da crise, o Brasil acompanha com preocupação o avanço das forças americanas no Caribe. O país teme que uma eventual desestabilização na Venezuela cause novas ondas migratórias e amplie a pressão sobre a fronteira norte da Amazônia, especialmente nos estados de Roraima e Amazonas.

Para os especialistas, a situação reforça a necessidade de cooperação diplomática regional e de fortalecimento de mecanismos de defesa coletiva, como o Conselho de Defesa da Unasul, para evitar que a América do Sul volte a ser palco de disputas geopolíticas entre potências.

Fonte: Departamento de Guerra dos EUA
Foto: Marinha dos EUA 

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