Iniciativa ZFM + ESG busca reposicionar o polo industrial, mas especialistas questionam se modelo sem metas obrigatórias é suficiente para mudança real
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) anunciou a adesão de 21 empresas ao seu programa ZFM + ESG, uma iniciativa lançada em março para incentivar práticas ambientais, sociais e de governança no principal polo industrial da Amazônia. A marca, embora representativa, acende o debate sobre a eficácia de modelos voluntários para enfrentar os urgentes desafios socioambientais da região.
Entre as signatárias estão gigantes do setor, como Coca-Cola Recofarma Manaus, LG, BIC e Visteon, além de empresas locais como Águas de Manaus e o Instituto Mawé. O programa, estabelecido pela Portaria Suframa nº 1.860/2025, é de adesão voluntária e não prevê penalidades para não cumprimento. Nele, as empresas se comprometem a implementar ao menos uma ação em cada pilar da sigla ESG (Environmental, Social and Governance).
Em troca, a Suframa se propõe a acompanhar os resultados, divulgar cases de sucesso e conceder um certificado de participação às empresas que cumprirem suas próprias metas. “Nosso objetivo é transformar a Zona Franca de Manaus em uma referência em práticas ESG, garantindo competitividade e responsabilidade”, afirmou o superintendente-adjunto Executivo, Luiz Frederico Aguiar, responsável pelo projeto.
O outro lado da moeda: voluntariado versus urgência
A estratégia da Suframa, however, is met with cautious optimism by some and skepticism by others. especialistas. O caráter não vinculante do programa é seu principal ponto de controvérsia. Em um bioma sob pressão global constante e em uma região com profundas carências sociais, a pergunta que fica é: iniciativas baseadas na boa vontade do mercado são suficientes?
Críticos argumentam que, na falta de metas obrigatórias, auditorias independentes e mecanismos claros de transparência, o programa corre o risco de se tornar uma ferramenta de greenwashing — onde o marketing sustentável supera a ação concreta. A concessão de um certificado por simplesmente "participar" e apresentar um plano, sem uma verificação rígida dos resultados, pode diluir o rigor que a agenda ESG verdadeiramente demanda.
A Zona Franca de Manaus, âncora econômica do Amazonas, vive uma encruzilhada histórica. A pressão internacional por produtos sustentáveis e a crescente regulação ambiental global exigem mais do que adaptações superficiais. É necessária uma transformação profunda do modelo de produção, que internalize de fato os custos socioambientais e vá além dos relatórios de impacto.
O sucesso ou fracasso do ZFM + ESG não será medido pelo número de adesões, mas pela capacidade de gerar transformações tangíveis: redução real do consumo de recursos hídricos e energéticos, gestão efetiva de resíduos, investimento em logística reversa, programas robustos de inclusão social e fortalecimento da cadeia de valor local.
Enquanto a Suframa comemora o engajamento inicial, a sociedade amazônica fica na expectativa de que o programa evolua de um conjunto de boas intenções para um motor efetivo de uma nova economia, que prove que desenvolvimento e preservação não são conceitos opostos, mas sim interdependentes para o futuro da região.
Fonte: Dicom/Suframa
Arte: Fábio Alencar/ChatGPT/Suframa
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