Às vésperas da COP30, tragédia em Rio Bonito do Iguaçu reforça a importância do debate ambiental e denuncia a irresponsabilidade da extrema direita que ainda nega o aquecimento global
Por Paulo Paixão | Amazônia Realidade
Manaus (AM) – Enquanto líderes mundiais se preparam para abrir a COP30, em Belém do Pará, o Brasil assiste, atônito, às imagens de devastação deixadas por um tornado que destruiu 90% da cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR), deixando seis mortos e mais de 750 feridos.
Em poucos minutos, o fenômeno virou carros, arrancou telhados e reduziu casas a escombros, impondo a uma cidade de apenas 14 mil habitantes o desafio de se reconstruir do zero.
Tragédia e alerta global
O desastre climático, ocorrido às vésperas da principal conferência mundial sobre meio ambiente, não poderia ter sido mais simbólico. Ele escancara a urgência de se transformar discursos em ações efetivas diante de um planeta em desequilíbrio.
O que antes parecia distante — eventos extremos, ciclones, tornados e enchentes devastadoras — agora faz parte da realidade brasileira, especialmente na região Sul, que já enfrentou em 2024 as piores inundações de sua história, com mais de 200 mortos e milhões de desabrigados.
O clima não é ideologia
Ainda assim, setores da extrema direita continuam negando o aquecimento global, tratando a pauta ambiental como “exagero” ou “instrumento político”.
Negar a ciência e desacreditar os alertas climáticos em pleno século XXI é mais do que ignorância — é uma escolha perigosa. Enquanto líderes populistas minimizam a crise, famílias inteiras perdem suas casas, suas terras e suas vidas.
A natureza não negocia, e cada tragédia é um lembrete doloroso de que a inércia política custa caro.
COP30: da Amazônia para o mundo
A COP30 chega como uma oportunidade histórica para virar a página. Pela primeira vez sediada na Amazônia, a conferência será o centro das atenções globais e deve ser o marco de uma mudança concreta na forma como o planeta encara a emergência climática.
Não há mais espaço para declarações vazias. O momento exige compromissos reais, como:
- Redução imediata das emissões de carbono;
- Fim dos subsídios aos combustíveis fósseis;
- Proteção efetiva das florestas tropicais;
- Inclusão dos povos da floresta, ribeirinhos e comunidades tradicionais nas decisões ambientais.
Quando o negacionismo custa vidas
A destruição em Rio Bonito do Iguaçu e as enchentes no Rio Grande do Sul não são “acidentes climáticos isolados”. São sintomas de um colapso ambiental acelerado pela ação humana — e agravado pela negação deliberada de governos e grupos econômicos que se recusam a mudar o modelo de exploração e consumo.
É hora de reconhecer que a negação climática é uma das maiores ameaças do século. Ela atrasa decisões, enfraquece políticas públicas e perpetua tragédias que poderiam ser evitadas.
Hora de agir
Belém será, nos próximos dias, o palco onde o futuro do planeta estará em debate. E que esse debate não se perca em discursos diplomáticos ou promessas protocolares.
A COP30 precisa marcar o início de uma nova era de responsabilidade global, onde o meio ambiente deixe de ser pauta de conveniência e passe a ser questão de sobrevivência.
Porque, enquanto alguns ainda discutem se o aquecimento global existe, a natureza grita por socorro — e cidades como Rio Bonito do Iguaçu ecoam esse grito em meio aos escombros.
Desastres Climáticos Recentes no Brasil
Enchentes no Rio Grande do Sul (2024)
- Mortes confirmadas: 204
- Pessoas afetadas: 2 milhões
- Municípios atingidos: 478
- Prejuízo estimado: R$ 10 bilhões
- Causa: Chuvas históricas associadas a fenômenos extremos e aquecimento anômalo das águas do Atlântico Sul
Tornado em Rio Bonito do Iguaçu (PR) – novembro de 2025
- Mortes confirmadas: 6
- Feridos: mais de 750
- Destruição: 90% da cidade
- População afetada: cerca de 14 mil pessoas
- Estado: Calamidade pública decretada
Tendência Nacional
- Média anual de desastres naturais no Brasil aumentou 60% em dez anos
- Número de desabrigados por eventos climáticos dobrou entre 2013 e 2023
- Especialistas alertam: o Brasil está entre os dez países mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento global
O Portal Amazônia Realidade reafirma seu compromisso com o jornalismo independente, crítico e ambientalmente responsável. Em tempos de negacionismo e desinformação, é dever da imprensa reforçar o valor da ciência, defender a Amazônia e cobrar dos líderes globais ações concretas em defesa da vida e do equilíbrio climático. Acreditamos que proteger o meio ambiente é proteger o futuro, e que a Amazônia não pode continuar sendo vista apenas como cenário, mas como protagonista das soluções que o mundo precisa adotar imediatamente.
Foto: AEN

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