Por Redação | Amazonia Realidade
Em um movimento que reflete a eficácia da diplomacia brasileira e a crescente pressão interna contra a política comercial de Donald Trump, o Senado dos Estados Unidos aprovou, na terça-feira (28), um projeto de lei que visa anular as tarifas impostas pelo presidente republicano ao Brasil.
A medida, de caráter majoritariamente simbólico devido à expectativa de ser barrada na Câmara dos Representantes, serve como um claro termômetro da insatisfação dentro do próprio país de Trump, onde setores apontam que os custos das tarifas recaem sobre o consumidor e a economia estadunidenses.
O avanço da proposta no Senado ocorre no rastro da bem-sucedida reunião diplomática entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, no último domingo (26). O encontro, que durou 45 minutos, marcou o início de um processo de negociação bilateral, com a primeira reunião técnica realizada já na segunda-feira (27).
A abordagem do governo brasileiro tem sido marcada por diálogo firme e apresentação de dados concretos. Durante o encontro, Lula entregou a Trump um documento que demonstra um superávit comercial acumulado de US$ 410 bilhões para os EUA em seus negócios com o Brasil nos últimos 15 anos. O argumento enfraquece a justificativa original para as tarifas e coloca o Brasil em posição de vantagem nas tratativas.
“O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, afirmou o presidente Lula, resumindo a postura pragmática adotada pelo Itamaraty.
A pressão doméstica sobre Trump ficou evidente na votação do Senado. Liderada pelo democrata Tim Kaine, a proposta conseguiu atrair o apoio de cinco senadores republicanos, sinalizando uma rachadura no partido do presidente. O senador Kaine foi direto ao ponto ao afirmar que a votação forçou o debate sobre a “destruição econômica causada pelas tarifas”.
Este sentimento é ecoado por órgãos apartidários. O Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA alertou que as tarifas estão entre os fatores que devem elevar o desemprego e a inflação e reduzir o crescimento econômico no país, um argumento que fortalece a posição brasileira de que as medidas são prejudiciais para ambos os lados.
Enquanto o projeto do Senado dificilmente virará lei, ele cria um ambiente político mais favorável às negociações. O governo brasileiro, por meio do chanceler Mauro Vieira e do vice-presidente Geraldo Alckmin, já definiu um calendário de reuniões focado nos setores mais afetados e demonstra abertura para discutir todos os temas, de minerais estratégicos a açúcar e etanol.
A iniciativa diplomática do governo Lula, portanto, não apenas reabriu as portas do diálogo direto com Trump, mas também parece estar catalisando as forças contrárias às tarifas dentro dos Estados Unidos, mostrando que a estratégia de apresentar dados e buscar um acordo vantajoso para as duas partes é o caminho mais promissor para a resolução do conflito.
Cotações:
Dólar Comercial:R$ 5,360 (-0,18%)
Dólar Turismo:R$ 5,560 (-0,22%)
Euro Comercial:R$ 6,246 (-0,03%)
Fonte: G1
Foto: Ricardo Stuckert/PR

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