Presidente extremista exige que jornalistas submetam reportagens à aprovação do governo e ameaça retirar concessões de veículos que o criticam
Por Redação|Amazônia Realidade
O governo de Donald Trump deu mais um passo em direção ao autoritarismo ao impor novas regras de censura contra jornalistas que cobrem o Pentágono. Sob a justificativa de “proteger informações sensíveis”, o chamado Departamento de Guerra divulgou um documento de 17 páginas obrigando que qualquer notícia relacionada à pasta seja previamente aprovada por autoridades do governo, mesmo que não envolva informações confidenciais.
As medidas restringem ainda a circulação dos repórteres pelos corredores do Pentágono e ameaçam suspender credenciais caso as normas não sejam seguidas. Atualmente, 90 profissionais estão credenciados e todos foram forçados a assinar um termo de compromisso.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, braço-direito de Trump, já havia suspendido em fevereiro as credenciais de jornalistas de veículos tradicionais, como o New York Times e a rede NBC, substituindo-os por profissionais ligados a organizações mais simpáticas ao governo. Desde então, concedeu apenas uma entrevista coletiva, após o ataque americano a uma usina de enriquecimento de urânio no Irã, e acusa a imprensa de “sabotar” a administração.
Trump, por sua vez, não esconde seu desprezo pelo contraditório. Em uma de suas redes sociais, escreveu: “A ‘imprensa’ não comanda o Pentágono. O povo que comanda”. Dias antes, ameaçou suspender concessões de emissoras críticas à sua gestão: “Só recebo má publicidade e má cobertura da imprensa. Talvez a concessão deles devesse ser suspensa”.
O cerco à liberdade de imprensa também chegou à Casa Branca. Um jornalista da Associated Press perdeu o credenciamento por se recusar a adotar a nomenclatura imposta por Trump, que quer rebatizar o Golfo do México como “Golfo da América”.
A escalada de censura provocou reação imediata. O Clube Nacional de Imprensa de Washington publicou nota pedindo a revogação das novas normas, lembrando que, por gerações, a cobertura independente do Pentágono foi vital para revelar gastos militares, decisões de guerra e seus impactos na vida dos cidadãos. Para o clube, submeter o jornalismo ao crivo do governo é um atentado à democracia e um caminho perigoso para a instalação de uma ditadura em pleno século XXI.
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