Hugo Motta ergue barreiras físicas e restringe acesso de jornalistas para evitar questionamentos sobre a pauta golpista
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está impondo uma mordaça autoritária aos jornalistas que cobrem o Congresso Nacional. A estratégia, que envolve barreiras físicas e restrição de circulação, tem um objetivo claro: criar um cordão de isolamento em torno de si para não ser questionado, especialmente sobre as negociações da pauta de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de Janeiro.
A escalada de censura disfarçada de "medida de segurança" tornou-se prática rotineira. Na terça-feira, 2 de setembro, Motta posicionou uma barreira de seguranças para impedir fisicamente que a imprensa se aproximasse e fizesse perguntas. Essa não foi uma ação isolada. Desde o final de agosto, o presidente determinou a criação de um corredor exclusivo, apelidado de “BRT do Motta”, e um "cercadinho" para distanciar e enclausurar os repórteres durante as coberturas.
O estopim da mordaça: perguntas incômodas
A investida contra a imprensa não é por acaso. A censura se intensificou depois que Motta foi questionado pelo repórter Manuel Marçal, do site Metrópoles, sobre um suposto esquema de “rachadinhas” em seu gabinete, no último dia 19 de agosto. Na ocasião, o repórter foi ignorado e empurrado com truculência por seguranças. O vídeo do incidente, pouco divulgado, é um registro claro da hostilidade que motiva as novas regras.
No dia seguinte ao constrangimento, a assessoria de Motta comunicou a criação do corredor com cavaletes. A justificativa vaga de "problemas recentes" e a necessidade de "melhorar a segurança" soam como um pretexto frágil para calar vozes incômodas.
O silêncio como estratégia para a anistia
Enquanto amordaça a imprensa, Motta articula nos bastidores a pauta da anistia, um acerto de contas que beneficia a extrema direita e seus aliados no Centrão. A blindagem aos jornalistas coincide com a avanço de um acordo que busca perdoar a tentativa de destruição da democracia em nome de conveniências políticas.
A restrição não para nas salas do plenário. Agora, durante as cruciais reuniões de líderes – onde as pautas da Casa são definidas –, os jornalistas foram confinados a um hall, impedidos de ter acesso direto aos parlamentares. Na prática, a medida facilita a fuga de quem não quer encarar perguntas sobre negociatas como a da anistia.
A democracia exige o direito de perguntar
Enquanto veículos da grande mídia preferem não desafiar figuras poderosas como Motta, é fundamental denunciar que a liberdade de imprensa está sob ataque direto na Câmara. A democracia se sustenta no direito de perguntar, no dever de incomodar e na recusa absoluta a aceitar a censura como rotina. A mordaça de Hugo Motta é um ataque não só aos jornalistas, mas a todos os brasileiros que têm o direito de saber o que se negocia em seu nome.
Veja o vídeo:@theinterceptbrasil
Fonte: The Intercept Brasil
Foto: Reprodução TV Câmara

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