O que esconde o ‘Porteiro’ americano que pousou no Sul do Brasil sem alarde?
Por Paulo Paixão | Amazônia Realidade
Porto Alegre recebeu, na tarde desta terça-feira (19/08), uma visita ilustre e silenciosa. Um fantasma. Um Boeing C-32B, apelidado de “Gatekeeper” (Porteiro), aeronave notória por ser um cavalo de batalha da CIA e das forças de operações especiais dos Estados Unidos. O aparelho, desprovido de qualquer identificação, deslizou nos céus gaúchos após uma rota sinuosa que incluiu paradas estratégicas no Caribe. A pergunta que não quer calar, e que Brasília parece terrivelmente disposta a ignorar, é: o que busca aqui o Porteiro?
A Fraport, concessionária do aeroporto, confirmou o óbvio: o pouso. O motivo? Silêncio de rádio. As autoridades brasileiras? Mudos. A Embaixada Americana? O habitual déficit de transparência. Esse vácuo de informação não é um acidente; é o modus operandi. Enquanto o cidadão brasileiro é vigiado, monitorado e cobrado até o último byte de seus dados, um avião-espião pousa em solo pátrio e ninguém deve satisfações à nação.
Não se iludam com a ausência de estrelas e listras na fuselagem branca. Este não é um jato para deputados ou generais aposentados. O C-32B é uma ferramenta de projeção de poder, uma sala de situação voadora equipada com tecnologia de ponta para comunicações criptografadas, vigilância e comando de operações clandestinas. Ele esteve em Beirute após a explosão que abalou o Líbano e em zonas de tensão global. Sua presença no Brasil não é um voo de turismo. É um sinal.
Que sinal é esse? É um recado nas entrelinhas para quem souber ler o jogo geopolítico. Enquanto o mundo tem seus olhos voltados para a Amazônia – nosso patrimônio maior, cobiçado por tantos –, um avião de inteligência pousa estrategicamente no extremo sul do país. É uma demonstração de força, uma peça no xadrez global que nos trata não como parceiros, mas como tabuleiro. É o big stick do século XXI, pairando sobre o nosso quintal.
O mais alarmante, porém, não é a ação estrangeira. É a conivência doméstica. A subserviência de um Estado que abre suas portas aéreas sem questionar, sem exigir contrapartidas, sem transparentizar à sua população o que se passa. Onde está a soberania nacional tão decantada em discursos? Ela some quando o Porteiro amerinho toca a campainha?
O pouso em Porto Alegre não é um fato isolado. É um episódio sintomático de uma relação assimétrica, onde um país soberano é tratado como zona de passagem para missões que não ousamos questionar. Exigimos respostas. O Brasil não pode ser a escala secreta de ninguém. O povo brasileiro, principalmente nós da Amazônia, que sabemos o que é estar no centro do cobiça internacional, merece saber que jogo está sendo jogado, e com que peças.
A realidade, crua e nua, é que um avião de espionagem pousou aqui. E o silêncio das autoridades é, talvez, o ruído mais ensurdecedor de todos.
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