Ameaças neonazistas a Jones Manoel expõem modus operandi de grupos de ódio e risco à democracia

Ameaças neonazistas a Jones Manoel expõem modus operandi de grupos de ódio e risco à democracia

Historiador e comunicador recebeu mensagens com dados sigilosos, indicando possível infiltração em órgãos públicos; caso revela a face transnacional e criminosa da extrema direita fascista no Brasil.

Por Redação|Amazônia Realidade

O historiador, educador popular e comunicador Jones Manoel foi alvo de graves ameaças de morte e extorsão por parte de uma organização neonazista internacional. O caso, ocorrido na quarta-feira (20/08), vai além da intimidação virtual e revela a operação perigosa e criminosa de células fascistas que atuam no Brasil, utilizando-se de violência, coação e, possivelmente, de vazamento de dados sigilosos por dentro do Estado.

As ameaças, assinadas pela autodenominada Brigada Hitlerista Brasileira (Atomwaffen Brasil), seguiram um modus operandi característico de grupos terroristas: o email enviado ao historiador começava com símbolos nazistas, seguido de uma compilação detalhada de dados pessoais — incluindo CPF, endereços anteriores e informações sobre viagens — e ameaças explícitas de morte, além de exigência de pagamento em dinheiro para "poupar sua vida".

O perigo: infiltração e vazamento de dados do Estado

O que diferencia e eleva a gravidade deste caso, conforme destacou o próprio Jones Manoel em entrevista ao ICL Notícias, é a precisão de informações sigilosas em posse dos criminosos. Isso aponta para duas possibilidades alarmantes, ambas indicando o nível de sofisticação e perigo dessas organizações:

1. O hackeamento de sistemas de órgãos públicos para roubo de dados.

2. A participação ou conivência de servidores públicos que, agindo de má-fé, utilizam seu acesso a informações privilegiadas para alimentar campanhas de ódio e ameaças.

"Isso significa que, basicamente, ou algum órgão público foi hackeado ou tem alguns funcionários públicos envolvidos. E é isso que demanda uma preocupação maior", afirmou Jones.

A estratégia de intimidação fascista

O objetivo central dessas ações, para além do ataque individual, é o que Jones Manoel e estudiosos do tema identificam como a estratégia clássica do fascismo: silenciar vozes dissidentes, amedrontar militantes e organizações da classe trabalhadora, e forçar sua retirada do debate público através do terror.


Diante das ameaças, Jones Manoel reforçou sua segurança, mas manteve sua agenda pública. "Alterar as agendas públicas significa dar o que eles querem. Historicamente, o fascismo e o nazismo buscam intimidar as organizações da classe trabalhadora para fazer com que a gente suma do debate público. Isso não vai acontecer de jeito nenhum", declarou, afirmando não se intimidar: "Não quero pagar de um valentão, mas eu sou militante comunista. A gente conhece a história da luta pela revolução na América Latina".

Respostas jurídicas e solidariedade

Os advogados de Jones Manoel já acionaram o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF). Também estão sendo notificados o Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Justiça. Paralelamente, uma articulação política está em curso na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

A sociedade civil e parlamentares reagiram com uma onda de solidariedade. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) afirmou: "Não aceitaremos intimidações fascistas. Exigimos providências das autoridades e reafirmamos: nenhum passo atrás contra o ódio e a intolerância!". O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) também se manifestou, destacando a necessidade de uma "investigação séria" e que "esse tipo de tentativa de intimidação tem que ser enfrentada rapidamente e com toda a contundência".

ALERTA AO INTERNAUTA:

O caso de Jones Manoel serve como um alerta crucial sobre a natureza criminosa e violenta da extrema direita fascista organizada no Brasil. Esses grupos não se limitam a discursos de ódio online; operam com métodos terroristas, incluindo ameaças, extorsão e a possível infiltração em estruturas do Estado para obter informações. É fundamental que a sociedade reconheça esse perigo, exija das autoridades uma investigação rigorosa e se solidarieze com as vítimas, não permitindo que o clima de intimidação se normalize.

Fonte: ICL Notícias 

Fotos: Reprodução 

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