Desabafo de policial militar do Amazonas expõe crise na corporação e clima de insatisfação entre praças

Desabafo de policial militar do Amazonas expõe crise na corporação e clima de insatisfação entre praças



Manaus (AM) – Um desabafo contundente de um policial militar do Amazonas, amplamente compartilhado nas redes sociais, escancarou uma crise silenciosa dentro da Polícia Militar do Estado (PMAM). No relato, o agente – que preferiu o anonimato por medo de represálias – denuncia o que chama de "tratamento desumano" aos praças da corporação e sugere a possibilidade de uma paralisação da tropa.

“Fomos enganados. Tratam a PMAM como lixo, sendo que todo mundo precisa da gente”, escreveu o policial, em uma mensagem carregada de frustração. Ele relata condições de trabalho precárias, pressão psicológica intensa e falta de valorização profissional, afirmando que os militares são convocados para situações que fogem de suas atribuições originais.

O desabafo menciona ainda a morte recente de um colega de farda, atribuída a um possível suicídio, como um marco da indignação generalizada. “Hoje o colega se matou devido a essa palhaçada que fazem, principalmente com o praça”, denunciou. A publicação termina com um apelo direto à categoria: “Paralisação, porra!”

A repercussão da mensagem em grupos internos da PMAM e nas redes sociais acendeu um alerta entre especialistas em segurança pública. Fontes ouvidas pelo Portal Amazônia Realidade relataram um ambiente de desgaste emocional, jornadas exaustivas e ausência de diálogo entre a base e o comando da corporação.

Morte confirmada

Em nota, a Polícia Militar do Amazonas confirmou o falecimento do soldado Rodrigo de Almeida Carvalho e informou que está prestando assistência à família, por meio da Diretoria de Promoção Social (DPS). A corporação afirmou que o policial, aprovado no concurso de 2022 e formado em 2024, não havia apresentado sinais de necessidade de atendimento psicológico.

Ainda segundo a PMAM, o curso de formação e os exames admissionais — incluindo avaliação psicológica e investigação social — não apontaram qualquer impedimento para o ingresso do soldado na corporação. A instituição destacou que conta com um Núcleo de Psicologia à disposição dos militares.

Sobre a escala de trabalho, a PM explicou que o policiamento a pé, com carga horária de seis horas diárias, de segunda a sexta-feira, é uma das modalidades previstas e, atualmente, representa a maior necessidade operacional. O critério para designação segue a ordem de antiguidade, sendo os novos formandos os principais alocados nessa atividade.

Impasse e legalidade

Apesar da forte comoção, não há confirmação oficial de um movimento grevista. Vale lembrar que, pela Constituição Federal, policiais militares são proibidos de realizar greve. Mesmo assim, paralisações já ocorreram em outros estados brasileiros, quase sempre marcadas por impasses salariais e tensões com o governo.

Sinal de alerta

Especialistas reforçam que a denúncia acende um alerta sobre a urgência de políticas de saúde mental e valorização dentro das forças de segurança. O episódio evidencia a necessidade de canais de escuta efetivos e acolhimento à tropa, que segue na linha de frente da segurança pública em meio à pressão constante e, muitas vezes, invisível.

Foto: Ilustração 

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