Primeira remessa do medicamento fomepizol chega ao Brasil e será distribuída prioritariamente para São Paulo, epicentro dos casos
Em uma ação emergencial para evitar novas mortes por intoxicação causada por bebidas adulteradas com metanol, o Ministério da Saúde recebeu nesta quinta-feira (9) o primeiro lote do antídoto fomepizol, medicamento essencial no tratamento desse tipo de envenenamento.
A remessa, composta por 2.500 ampolas, foi adquirida pelo governo federal por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), após o aumento de casos e óbitos registrados nas últimas semanas, principalmente no estado de São Paulo, onde a situação é considerada mais crítica.
Segundo o Ministério da Saúde, 1.500 ampolas serão distribuídas de forma imediata para os estados. São Paulo, epicentro das ocorrências, receberá 288 unidades. Outras 1.100 ampolas ficarão reservadas em estoque estratégico, prontas para envio emergencial conforme a necessidade de cada região.
A carga foi entregue no Centro de Distribuição do Ministério da Saúde, localizado em Guarulhos (SP). O ato contou com a presença da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariangela Simão, do diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, e da coordenadora de Inovação e Acesso a Medicamentos da Opas, Ileana Freitas — reforçando o esforço conjunto entre instituições nacionais e internacionais para garantir uma resposta rápida à crise.
Ação preventiva e compromisso com a vida
O Ministério da Saúde reforçou que a iniciativa tem como prioridade salvar vidas e evitar novas tragédias. O governo federal atua em parceria com os estados e municípios para monitorar os casos e garantir que o antídoto chegue com agilidade às unidades de saúde de referência.
“Nosso objetivo é proteger a população e agir com rapidez para que nenhuma vida seja perdida por falta de tratamento”, destacou a secretária Mariangela Simão durante a entrega do lote.
O fomepizol é considerado o tratamento mais eficaz contra intoxicações por metanol — um álcool altamente tóxico, usado irregularmente na produção de bebidas falsificadas. A substância pode causar cegueira, insuficiência renal e até a morte quando ingerida.
Distribuição nacional do antídoto
O medicamento será distribuído a todos os estados brasileiros, de acordo com a demanda e o número de casos suspeitos. Além de São Paulo, unidades federativas como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Pernambuco e Amazonas também receberão doses do antídoto.
Veja como será a distribuição inicial do fomepizol por estado:
Pernambuco: 68 ampolas
Paraná: 84
Rio de Janeiro: 120
Rio Grande do Sul: 80
Mato Grosso do Sul: 20
Piauí: 24
Espírito Santo: 28
Goiás: 52
Acre: 16
Paraíba: 28
Rondônia: 16
Ceará: 64
Minas Gerais: 152
Bahia: 104
Distrito Federal: 20
Mato Grosso: 28
Alagoas: 24
Amapá: 16
Amazonas: 32
Maranhão: 48
Rio Grande do Norte: 24
Roraima: 16
Santa Catarina: 56
Sergipe: 16
Tocantins: 16
Monitoramento constante e alerta à população
O Ministério da Saúde mantém vigilância ativa em todo o território nacional e alerta a população para que evite consumir bebidas de procedência duvidosa, especialmente as vendidas de forma irregular ou sem rótulo.
Casos suspeitos de intoxicação devem ser imediatamente encaminhados a serviços de urgência, onde o fomepizol poderá ser administrado de forma segura e eficaz.
Com essa ação, o governo federal reforça seu compromisso com a vida e com a saúde pública, atuando de forma preventiva e responsável diante de uma emergência que exige rapidez, sensibilidade e coordenação nacional.
Entenda: o que é o metanol e por que é tão perigoso
O metanol é um tipo de álcool industrial usado em combustíveis, solventes e produtos de limpeza. Diferente do etanol, presente nas bebidas alcoólicas, o metanol não é próprio para consumo humano.
Mesmo em pequenas quantidades, o metanol pode provocar náusea, tontura, vômitos, perda de visão, parada respiratória e morte. Quando ingerido, o organismo o converte em ácido fórmico, substância altamente tóxica que causa danos graves ao sistema nervoso e aos rins.
Bebidas adulteradas com metanol costumam ser vendidas ilegalmente e a baixo custo, o que aumenta o risco em comunidades mais vulneráveis. Por isso, especialistas e autoridades alertam: nunca consuma bebidas sem rótulo, de procedência desconhecida ou vendidas de forma irregular.
Em caso de suspeita de intoxicação, a recomendação é procurar imediatamente um hospital e informar a possível ingestão da substância.
Fonte: Ministério da Saúde / Opas / Agência Brasil
Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil
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