Conselho de Ética arquiva pedido de cassação e mostra que a impunidade ainda tem defensores dentro do Congresso
Por Redação | Amazônia Realidade
Brasília (DF) – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deu mais uma demonstração de que parte do Parlamento brasileiro continua rendida à extrema direita. Nesta quarta-feira (22), o colegiado decidiu arquivar o pedido de cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de atuar no exterior contra os interesses do próprio Brasil.
A decisão, aprovada por 11 votos a 7, é vista por analistas políticos como uma manobra para blindar um deputado que se comporta como traidor da pátria, promovendo lobby junto a autoridades norte-americanas em favor de seu pai — condenado e inelegível por tentativa de golpe de Estado.
Enquanto o povo enfrenta filas nos hospitais, escolas precárias e inflação nos alimentos, Eduardo Bolsonaro vive desde fevereiro nos Estados Unidos, recebendo salário e verbas públicas brasileiras. De lá, age para constranger instituições nacionais e defender interesses que nada têm a ver com o bem do país.
O relator do caso, Marcelo Freitas (União Brasil-MG), alegou que as ações do deputado estariam amparadas pela “liberdade de expressão” e pela “imunidade parlamentar”, argumento acolhido pela oposição e pelo centrão — blocos que têm se tornado cúmplices do retrocesso democrático.
“Não vamos aqui querer julgar colega por posição ideológica”, justificou o deputado José Rocha (União Brasil-BA), ecoando o discurso de tolerância seletiva que, na prática, legitima ataques às instituições e à soberania nacional.
O silêncio cúmplice da Câmara
Eduardo Bolsonaro sequer compareceu à sessão — nem presencialmente nem por videoconferência, mesmo com o convite formal enviado pelo Conselho. Ainda assim, saiu vitorioso graças ao esforço dos parlamentares que preferiram proteger um aliado da extrema direita a defender a ética pública.
O pedido de cassação havia sido apresentado pelo PT, que denunciou Eduardo por quebra de decoro parlamentar e por atuar junto ao governo dos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras e interferir em processos judiciais.
Enquanto isso, o governo de Donald Trump — citado nas articulações do deputado — chegou a anunciar medidas econômicas punitivas contra o Brasil, usando o caso Bolsonaro como justificativa. Autoridades e familiares de magistrados brasileiros chegaram a ser atingidos por sanções da chamada Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.
Traição aos brasileiros
A PGR (Procuradoria-Geral da República) também denunciou o parlamentar por recorrer ao governo Trump para coagir autoridades brasileiras e tentar enterrar o processo que investiga Jair Bolsonaro pela trama golpista de 2022.
“O mandato parlamentar não é um manto sagrado para cometer crime. Um deputado que deveria defender o povo brasileiro está há meses em solo estrangeiro recebendo dinheiro público e tramando contra o país”, declarou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS).
O PSOL apresentou voto em separado pedindo a cassação imediata, argumentando que há provas claras da quebra de decoro. Mas, como tem ocorrido com frequência, a maioria preferiu fechar os olhos e proteger um dos seus.
O povo tem a palavra
O arquivamento do processo contra Eduardo Bolsonaro é mais do que uma derrota moral para a democracia — é um lembrete de que a impunidade e o conluio da extrema direita ainda têm espaço no Congresso Nacional.
Enquanto o Parlamento se dobra a interesses antidemocráticos, cabe ao povo brasileiro dar o verdadeiro recado nas urnas, punindo com o voto os que traem o país e sustentam privilégios à custa do sofrimento coletivo.
A história mostra que nenhuma blindagem é eterna — e que o poder popular, quando desperto, é capaz de varrer a hipocrisia com a força da democracia.
Fonte: Câmara dos Deputados 
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil 

Postar um comentário