STF inicia julgamento histórico sobre tentativa de golpe que ameaça democracia brasileira

STF inicia julgamento histórico sobre tentativa de golpe que ameaça democracia brasileira

Primeira Turma ouve defesas e adia manifestação da defesa de Bolsonaro para esta quarta-feira (03/09)


Por Redação | Amazônia Realidade

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (02/09) um dos julgamentos mais relevantes da história recente do Brasil. A Primeira Turma da Corte começou a analisar as acusações contra o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, militares de alta patente e ex-integrantes do governo.

Entre os réus estão os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo César Nogueira; o almirante Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o deputado Alexandre Ramagem; e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador premiado da investigação.

Os cinco ministros da Turma — Alexandre de Moraes (relator), Cármen Lúcia, Cristiano Zanin (presidente), Flávio Dino e Luiz Fux — vão avaliar, com base nas provas reunidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), se as acusações são procedentes. O julgamento deve se estender até o dia 12, em oito sessões distribuídas ao longo de cinco dias.

Primeira sessão

A sessão de abertura foi encerrada às 17h54 pelo ministro Cristiano Zanin, que marcou a retomada dos trabalhos para as 9h desta quarta-feira (03/09), quando será a vez da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestar.

Durante a tarde, os ministros acompanharam as sustentações orais de advogados de diversos acusados. Os defensores contestaram provas, questionaram a credibilidade da delação premiada de Mauro Cid e tentaram afastar a responsabilidade de seus clientes da trama golpista.

Destaques da sessão

  • Divergência – A defesa de Anderson Torres reconheceu a delação de Mauro Cid, mas tentou usá-la em favor do ex-ministro, alegando que ele não foi incriminado.
  • Minuta do golpe – O advogado de Torres afirmou que o documento encontrado em sua casa “circulava na internet”, minimizando seu peso.
  • Reação da PGR – Houve embate entre a defesa de Torres e o subprocurador Paulo Jacobina, especialmente sobre a viagem dele aos EUA na véspera de 8 de janeiro.
  • Cármen Lúcia – A ministra corrigiu um advogado ao afirmar que “o voto brasileiro é auditável, ponto”, reforçando a confiança no sistema eleitoral.
  • Defesa de Ramagem – Alegou que os arquivos apreendidos pela Polícia Federal seriam apenas “anotações” e pediu exclusão de provas relacionadas a investigações paralelas.

Um marco democrático

A retomada desse julgamento representa um marco para a democracia brasileira. O STF reafirma sua função de guardião da Constituição ao apurar com rigor as responsabilidades de autoridades de alto escalão que, segundo a acusação, participaram de uma conspiração para subverter a ordem institucional e manter Jair Bolsonaro no poder.

O desfecho ainda levará alguns dias, mas cada sessão reforça a dimensão histórica desse processo: a Justiça brasileira enfrenta, de forma inédita, um grupo que, de dentro das estruturas do Estado, tentou atentar contra o regime democrático.

Fonte: TV Justiça/STF

Foto: Antonio Augusto/STF

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