Justiça é reafirmada para país com histórico de violência militar
Por Redação|Amazônia Realidade
O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo do suposto golpe de Estado no STF, votou pela condenação de todos os sete réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, em mais um capítulo decisivo para a democracia brasileira. A ênfase do magistrado foi na absoluta necessidade de se fazer justiça, impedindo que o país retorne aos "momentos obscuros" de sua história, uma clara referência ao regime militar de 1964, período marcado por tortura, mortes e desaparecimentos de brasileiros que se opuseram ao golpe.
Em sessão da 1ª Turma do STF, nesta quarta-feira (10/09), Moraes foi enfático ao detalhar as provas que, em seu entendimento, comprovam a existência de uma organização criminosa voltada para a subversão da ordem democrática. A condenação é vista como um imperativo ético e jurídico para um país que já sofreu profundamente com rupturas institucionais no passado.
Ações da PRF foram parte do plano criminoso, diz relator
Foram citadas as operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022, em especial na região Nordeste. Para Moraes, as abordagens massivas que cercearam o direito de ir e vir de eleitores não foram casuais, mas uma ação planejada.
“A cronologia comprova a ilicitude dessa conduta, liderada por Bolsonaro, com participação de Anderson Torres. Aqui a cronologia mostra o absurdo total e o desespero desse grupo criminoso”, declarou o ministro, reforçando que tais táticas autoritárias ecoam um passado sombrio que não pode se repetir.
Plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ previa neutralização de autoridades
O relator destacou que, entre novembro e dezembro de 2022, os planos de ruptura se tornaram concretos e violentos. Moraes apresentou como prova central o documento intitulado Punhal Verde e Amarelo, que previa explicitamente a "neutralização" de autoridades — um eufemismo para assassinato.
“Se pretendia matar o presidente eleito da República. Não é possível banalizar esse retorno a momentos obscuros da nossa história. A prova é farta: o documento Punhal Verde e Amarelo foi impresso no Palácio do Planalto em 9 de novembro”, disse Moraes, conectando diretamente a intentona recente com os métodos violentos dos regimes de exceção.
Nesse contexto, o ministro chamou atenção para o encontro do general da ativa Mário Fernandes com Bolsonaro logo após a impressão do plano golpista. “Não é crível achar que ele imprimiu, foi ao Alvorada, ficou uma hora e seis minutos com o presidente e fez barquinho de papel com o plano. Isso seria ridicularizar a inteligência do tribunal”, ironizou.
Outro elemento considerado crucial foi um áudio do general Fernandes enviado a Mauro Cid, no qual Bolsonaro teria anuído com a possibilidade de agir até a diplomação. “Não há prova mais cabal além desse áudio. Todas as alegações do colaborador Mauro Cid foram confirmadas por reuniões, impressões dos planos e por esse registro patente da participação do líder da organização criminosa”, finalizou Moraes.
O voto do relator pela condenação do "núcleo crucial" reafirma o compromisso do Estado Democrático de Direito com a memória dos que sofreram com a ditadura e garante que a justiça seja feita para que a história não se repita.
Foto: Reprodução/TV Justiça
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