Operação Expertise apura desvio de quase R$ 200 milhões em contratos públicos; reportagem aponta que mais de R$ 14 milhões foram sacados em espécie por servidores
A Polícia Federal, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou a Operação Expertise para investigar um dos maiores esquemas de corrupção do Pará nos últimos anos. A ação apura fraudes em licitações, contratos públicos e lavagem de dinheiro que podem ultrapassar R$ 198 milhões em recursos desviados da saúde e da educação — verbas federais destinadas ao FUNDEB e ao Fundo Nacional de Saúde.
Segundo nota oficial da PF, o esquema envolvia servidores públicos e empresários que montavam contratos fraudulentos com o objetivo de desviar verbas federais. Durante a operação, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em diferentes cidades do Estado, com base em decisão judicial da Justiça Federal.
Mas um detalhe chama ainda mais a atenção: de acordo com reportagens do Metrópoles, que tiveram acesso a trechos da investigação e da decisão judicial, cerca de R$ 14 milhões foram sacados em apenas três meses na agência do banco Sicoob instalada dentro da Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA).
Os valores, retirados em espécie, teriam sido entregues diretamente a servidores públicos, levantando a suspeita de um esquema de pagamento de propina e distribuição de recursos ilícitos.
A movimentação atípica também foi identificada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que alertou para retiradas vultosas de dinheiro em espécie ligadas a empresas investigadas, como a Líder Engenharia. Esses relatórios reforçaram o pedido da PF à Justiça para aprofundar as apurações.
Impacto político e institucional
O caso atinge em cheio a imagem da ALEPA e coloca em xeque a transparência no uso de recursos públicos dentro do Legislativo paraense. Até o momento, a Assembleia Legislativa não se manifestou oficialmente sobre a suspeita dos saques milionários ocorridos dentro de sua própria sede, tampouco o Sicoob emitiu nota pública sobre as operações bancárias questionadas.
A gravidade do episódio não se limita apenas ao desvio de recursos: trata-se de um possível caso de corrupção de lesa-pátria, onde verbas que deveriam fortalecer a saúde e a educação de milhares de paraenses podem ter sido desviadas para alimentar um esquema de enriquecimento ilícito de servidores e empresários ligados ao poder público.
O que dizem as autoridades
Em nota, a Polícia Federal destacou que a Operação Expertise tem como alvo crimes de corrupção, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A investigação segue em andamento e, por envolver recursos federais, poderá resultar em novas denúncias criminais apresentadas pelo Ministério Público Federal.
A CGU, que atua em conjunto com a PF, também apontou que os desvios prejudicam diretamente o atendimento à população mais vulnerável, que depende do SUS e da rede pública de ensino.
Próximos passos
Enquanto o inquérito avança, cresce a pressão para que a ALEPA dê explicações à sociedade e para que os responsáveis — políticos, servidores ou empresários — sejam identificados e punidos exemplarmente. O caso escancara a fragilidade dos mecanismos de fiscalização e mostra como estruturas públicas podem ser usadas para blindar esquemas criminosos de alto impacto social.
O Portal Amazônia Realidade seguirá acompanhando cada passo da investigação para manter a sociedade informada.
Fonte: Polícia Federal
Foto: Reprodução/Internet
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