Obra do Inpa vence Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

Obra do Inpa vence Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

Publicação Bilíngue do Inpa é premiada na categoria de Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia ao registrar Avifauna do Alto Rio Negro. 


Duas publicações do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) receberam reconhecimento nacional no Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, uma das mais importantes premiações dedicadas à valorização da produção científica no Brasil. O livro “Espécies de Aves do Rio Cubate: Terra Indígena do Alto Rio Negro” foi vencedor da categoria Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia, enquanto “Ariá: um alimento de memória afetiva” chegou à final na categoria de Ilutração. 

Ambas as obras têm em comum a construção coletiva com povos tradicionais da Amazônia e a valorização do conhecimento tradicional e científico em conjunto. O livro “Espécies de Aves do Rio Cubate” é resultado de um trabalho em parceria entre pesquisadores do Inpa e a comunidade Baniwa da região do Alto Rio Negro. A publicação registra 310 espécies de aves observadas em campo e inclui os nomes populares em nheengatu, língua indígena falada na região.

Segundo a pesquisadora do Inpa e coautora do livro vencedor, Camila Ribas, o projeto surgiu a partir da iniciativa da própria comunidade de Nazaré do Rio Cubate, que procurou o Inpa para desenvolver um trabalho colaborativo. “A colaboração com as populações indígenas e tradicionais, com respeito e valorização dos saberes, é a única maneira de conhecer e proteger efetivamente a Amazônia”, completa.

O reconhecimento também é visto como uma conquista coletiva por quem vive no território Baniwa. “Através do livro conseguimos representar e dizer que somos importantes também para o Brasil no ponto de vista da conservação, do desenvolvimento e da ciência”, afirma o pesquisador e liderança indígena, Dzoodzo Baniwa. 

O pesquisador acrescenta que a premiação representa um avanço em termos de visibilidade para o  território e o povo Baniwa.

O livro, como resultado das pesquisas, teve seu conteúdo traduzido para o Nheengatu, com tradução feita pela  professora Gracilene Bittencourt, também do povo Baniwa. Ela agradeceu a oportunidade de colaborar com a mediação desse conhecimento e contribuir com a valorização da língua nativa dos que fizeram parte da construção da obra.

Para Tito Fernandes, técnico do Inpa e responsável pela produção gráfica dos livros, a conquista do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025 representa uma honra para a Editora INPA, especialmente em uma categoria tão significativa como Ciências Biológicas e Biodiversidade, que reconhece a integração entre conhecimento científico e saberes tradicionais.

“Sobre o processo de elaboração do projeto gráfico, buscamos criar uma linguagem visual que harmonizasse o rigor científico com a riqueza cultural do povo indígena do Alto Rio Negro. Trabalhamos em colaboração com pesquisadores, comunitários e lideranças locais para incluir padrões gráficos, cores e elementos simbólicos, garantindo que o design refletisse não apenas a biodiversidade da região, mas também sua importância sociocultural”, pontua.

Fernandes acrescenta que participar da produção da obra foi um processo enriquecedor, que evidenciou como a ciência pode ser ampliada e humanizada quando construída em diálogo com os povos originários. “Os conhecimentos tradicionais não apenas complementam a pesquisa, mas também a transformaram, oferecendo perspectivas únicas sobre conservação e coexistência. Ver esse trabalho reconhecido com o Jabuti é a celebração de uma parceria que vai além da academia – é um passo importante na valorização de saberes pluralistas e na construção de uma ciência mais inclusiva e representativa”, finaliza.

Ancestralidade e culinária afetiva

Já a obra “Ariá: um alimento de memória afetiva”, também finalista no Jabuti, apresenta um estudo interdisciplinar sobre o alimento tradicional ariá (Goeppertia allouia), cultivado e consumido por povos do Rio Negro. A publicação reúne relatos, receitas, registros botânicos e saberes locais, valorizando a culinária ancestral como parte da segurança alimentar e da identidade cultural amazônica. 

“Partimos de um vazio de informações sobre a planta, e aos poucos, por meio de trocas e vivências em campo, o conteúdo foi tomando forma”, explica o autor principal do livro, Eli Minev-Benzecry. “Estar entre os finalistas representou o reconhecimento de um esforço coletivo para democratizar o conhecimento científico e inspirar orgulho e pertencimento”, acrescenta.

Sobre o evento 

Os autores das duas obras estiveram presentes na cerimônia de premiação, realizada em São Paulo. O Prêmio Jabuti Acadêmico, em sua segunda edição, tem como missão reconhecer publicações que aproximam a ciência da sociedade. 

Ao destacar livros como esses, o Jabuti fortalece a produção de conhecimento feita na Amazônia e pelos Amazônidas.

Fonte: Ascom/Inpa

Banner: Adriel Albuquerque- Editora Inpa

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem

TCE AM

http://www2.tce.am.gov.br