Ministro vê tentativa grave de obstrução à Justiça
no caso do 8 de janeiro e diz que ataques partem de fora do país com apoio de
agentes brasileiros que traem a soberania nacional
Por
Redação Amazônia Realidade
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta
sexta-feira (1º/08) que a Corte não irá se curvar a ameaças externas ou pressões
internacionais que buscam interferir nos julgamentos dos envolvidos nos atos
golpistas de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, há uma “organização criminosa”
atuando fora do país, em articulação com interesses estrangeiros, com o
objetivo de cessar os julgamentos e arquivar ações penais que tramitam no STF.
“A
soberania nacional não será vilipendiada, negociada ou extorquida. O rito
processual do STF irá ignorar quaisquer sanções ou pressões. Essa tentativa
patética de obstrução é uma continuidade do mesmo modus operandi golpista que
atacou a democracia brasileira”, declarou Moraes, em discurso durante a
abertura do semestre judiciário.
Foi a
primeira manifestação pública do ministro após o governo dos Estados Unidos
anunciar sanções contra ele, com base na Lei Magnitsky — legislação que permite
punir estrangeiros por supostas violações de direitos humanos. Moraes foi o
primeiro magistrado de uma Suprema Corte a ser incluído na lista.
O
ministro classificou a medida como uma grave ameaça à independência do
Judiciário brasileiro e denunciou o que chamou de “explícita chantagem” para
promover uma anistia inconstitucional aos envolvidos na tentativa de golpe de
Estado.
“Acham
que estão lidando com milicianos da laia deles. Mas não estão. Estão falando
com ministros da Suprema Corte brasileira. Tentam pressionar o Senado, ameaçar
as lideranças do Congresso, promover instabilidade institucional — tudo com o
único fim de livrar criminosos poderosos da Justiça”, afirmou.
Organização criminosa e traição à pátria
Durante o
pronunciamento, Moraes deixou claro que não se trata apenas de ataques
isolados, mas de uma ação coordenada de uma organização criminosa com
ramificações internacionais, que conta com o apoio de brasileiros que, segundo
ele, “traem a pátria e os fundamentos da República ao agirem a serviço de
interesses estrangeiros”.
“Essas
ações não têm outro objetivo senão sabotar o devido processo legal,
desestabilizar a economia, criar crise social e política, e tentar abrir
caminho para um novo ataque golpista”, alertou.
O relator
dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de
liderar o movimento golpista afirmou que o STF não acelerará nem atrasará os
julgamentos por conta de pressões.
“O rito
não será manipulado. As ações penais seguirão, e neste segundo semestre o STF
vai concluir os julgamentos dos quatro núcleos ligados à tentativa de golpe de
8 de janeiro”, garantiu.
Reações e defesa institucional
O
discurso de Moraes foi precedido por falas do presidente do STF, Luís Roberto
Barroso, e do ministro Gilmar Mendes, ambos em defesa da soberania do
Judiciário brasileiro. Barroso reconheceu o “empenho e bravura” de Moraes,
mesmo diante de ataques pessoais e riscos elevados.
Gilmar
Mendes, por sua vez, repudiou o que classificou como “atos de hostilidade
unilateral” e alertou para a tentativa de silenciar o STF. “As censuras contra
Moraes partem, em sua maioria, de radicais que desejam interditar o
funcionamento da Justiça”, disse o decano.
O
presidente Lula também reagiu às sanções impostas pelo governo dos EUA,
emitindo nota de repúdio e reunindo-se com ministros da Corte para alinhar uma
resposta institucional à crise.
Moraes
encerrou seu discurso com uma mensagem firme:
“O
Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal
não vão se vergar. Continuaremos trabalhando para garantir que a Constituição
prevaleça sobre qualquer ameaça — interna ou externa.”
Fonte: TV Justiça/STF
Foto: Reprodução - TV Justiça/STF
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