Um bombardeio israelense na Cidade de Gaza, no domingo (10/08), matou pelo menos seis jornalistas, cinco deles da rede Al Jazeera. O ataque atingiu uma tenda que abrigava profissionais da imprensa, localizada em frente ao Hospital al-Shifa, principal centro médico da região.
Entre as vítimas estão Anas al-Sharif, Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, todos da Al Jazeera. A sexta vítima foi identificada como Mohammad al-Khaldi, criador de um canal de notícias no YouTube, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras.
Israel admite ataque intencional contra jornalista
O governo israelense confirmou que o ataque foi direcionado a Anas al-Sharif, acusando-o de ter ligações com o Hamas – alegação veementemente negada pela Al Jazeera.
Pouco antes de ser morto, al-Sharif, de 28 anos, publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) relatos sobre os intensos bombardeios israelenses no leste e sul da Cidade de Gaza. Em seu último vídeo, era possível ouvir explosões e ver o céu iluminado por clarões de fogo.
Em uma mensagem póstuma, preparada caso fosse assassinado, al-Sharif escreveu:
"Vivi a dor em todos os seus detalhes, experimentei a perda repetidamente. Mesmo assim, nunca hesitei em mostrar a verdade, sem distorção. Que Deus testemunhe contra aqueles que se calam diante do nosso massacre."
O jornalista, que deixa dois filhos, denunciou ainda a indiferença internacional diante da violência contra civis palestinos.
Al Jazeera condena assassinatos e exige justiça
Em comunicado, a Al Jazeera classificou o ataque como "mais uma tentativa flagrante de silenciar a imprensa" e responsabilizou Israel pelo massacre.
"Este crime ocorre em meio ao genocídio em Gaza, onde civis são mortos, famílias passam fome e comunidades inteiras são destruídas. A imunidade dos culpados só incentiva mais violência."
A emissora pediu à comunidade internacional "ações concretas para frear os ataques deliberados contra jornalistas e civis".
Catar e organizações de direitos humanos reagem
O primeiro-ministro do Catar, país sede da Al Jazeera, xeique Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, condenou o ataque em suas redes sociais:
"O ataque deliberado de Israel contra jornalistas revela crimes inimagináveis. Que Deus tenha misericórdia de Anas Al-Sharif, Mohammed Qraiqea e seus colegas."
Desde o início da guerra em outubro de 2023, Israel já matou mais de 200 jornalistas em Gaza, muitas vezes sob a alegação de vínculos com o Hamas – acusação rejeitada por entidades de direitos humanos, que veem nisso uma tentativa de censurar a cobertura dos crimes de guerra.
A impunidade diante desses ataques levanta preocupações globais sobre o futuro da liberdade de imprensa em zonas de conflito.
Fonte: Brasil de Fato
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