Deputada do PL foi localizada após monitoramento de movimentações no apartamento onde se escondia; PF desmente versão de entrega espontânea.
ROMA (ITÁLIA) – A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29/07), em Roma, após uma operação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e a Polícia Nacional italiana, com base em um mandado expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e inserido na difusão vermelha da Interpol. A prisão aconteceu em um apartamento no bairro de Aurélio, zona residencial da capital italiana.
Segundo a Polícia Federal, visitas feitas por parentes e outros brasileiros no endereço ajudaram a localizar a parlamentar, que já havia passado por outros locais desde sua chegada à Itália. Agentes da PF lotados na Europa realizaram o monitoramento e repassaram o endereço às autoridades italianas.
"Zambelli não se entregou. A prisão foi resultado de trabalho de inteligência e vigilância internacional", reforçou uma fonte da PF.
Nas redes sociais, o deputado italiano Angelo Bonelli também declarou ter informado pessoalmente o endereço de Zambelli à polícia local. “Duas horas e meia depois da minha ligação, a polícia confirmou que ela estava no local e executou o mandado da Interpol”, afirmou.
Sem resistência, mas sob pressão judicial
No momento da abordagem, Zambelli não ofereceu resistência e demonstrou tranquilidade, segundo relatos de policiais italianos. Ela foi informada da ordem de prisão e teve documentos apreendidos no apartamento. Antes de ser levada, telefonou ao advogado italiano Fabio Pagnozzi, que, por sua vez, alegou à imprensa que ela teria se entregado espontaneamente — versão negada pela Polícia Federal.
A parlamentar foi encaminhada à Divisão de Capturas do Setor de Cooperação Internacional da polícia italiana, órgão vinculado ao Ministério do Interior, que atua em parceria com a Interpol. Ela segue sob custódia enquanto a Justiça italiana analisa o pedido de extradição feito pelas autoridades brasileiras.
Relembre o caso
No dia 14 de maio, Carla Zambelli foi condenada por unanimidade pela 1ª Turma do STF pelos crimes de falsidade ideológica e invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com as investigações, a parlamentar orientou o hacker Walter Delgatti Neto a invadir os sistemas do CNJ e incluir mandados de prisão falsos, incluindo um contra o ministro Alexandre de Moraes.
Pouco depois da condenação, Zambelli fugiu do país por via terrestre, atravessando a fronteira com a Argentina, antes de seguir viagem até a Itália, onde se refugiou utilizando sua cidadania italiana. Em junho, seu nome foi oficialmente incluído na lista de procurados internacionais da Interpol.
O que acontece agora?
A Justiça italiana tem 48 horas para decidir se Zambelli será mantida presa, colocada em prisão domiciliar ou libertada sob medidas cautelares. Paralelamente, o processo de extradição segue trâmites legais, com acompanhamento direto das autoridades brasileiras.
Enquanto isso, a prisão da deputada marca um novo capítulo na responsabilização de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigados por ações que atentam contra o Estado Democrático de Direito.
Foto: Artur Marques
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