Esperança nas Águas: cinco Peixes-bois são reintroduzidos na natureza pelo projeto do INPA

Esperança nas Águas: cinco Peixes-bois são reintroduzidos na natureza pelo projeto do INPA


Por Dário Matos | Amazônia Realidade


Beruri(AM)- Em meio a tantas notícias sobre a degradação ambiental na Amazônia, uma ação recente trouxe alento à margem do rio Purus. Cinco peixes-bois reabilitados pelo Projeto Peixe-boi, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI) e pela Associação Amigos do Peixe-boi (AMPA), voltaram à liberdade no início de maio. A soltura dos animais integra as ações de conservação da espécie, com apoio financeiro do SeaWorld Conservation Fund.

Os animais foram soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, localizada no município de Beruri, no estado do Amazonas. Os peixes-bois-da-Amazônia haviam sido resgatados ainda filhotes, vítimas de caça ilegal ou emalhe acidental, e passaram por um longo processo de reabilitação.

“O Projeto recebe esses animais geralmente debilitados, que passam alguns anos sob nossos cuidados. Depois de reabilitados, ainda filhotes, são preparados para o Programa de Soltura. Quando estão juvenis ou adultos, são levados dos tanques de fibra do INPA para lagos seminaturais, onde se readaptam às condições naturais dos rios”, explica Vera da Silva, pesquisadora e coordenadora do projeto.
Educação ambiental e participação comunitária.


Além da reintrodução dos animais, o projeto realiza um trabalho contínuo de educação e sensibilização ambiental com as comunidades do entorno da RDS, fortalecendo o sentimento de pertencimento e proteção à espécie.

“As atividades com as comunidades são essenciais. Quando as pessoas entendem a importância do peixe-boi para o equilíbrio ambiental e têm a oportunidade de conhecê-lo de perto, tornam-se verdadeiros protetores da espécie”, afirma Juliana Helena, educadora ambiental do projeto.

A conexão com a comunidade é tão forte que duas fêmeas receberam nomes escolhidos por estudantes da comunidade Cuiuanã, durante a campanha "Peixe-boi sem nome não tem graça". Os nomes escolhidos foram Ayaçu (amor) e Tuná (água), ambos da língua tupi-guarani. As duas fêmeas haviam sido resgatadas próximas à cidade de Manaus e ao município de Careiro da Várzea.

Monitoramento com ajuda de ex-caçadores

Após a soltura, os animais são monitorados por uma equipe formada por dois ex-caçadores de peixes-bois, que passaram por capacitação para operar os equipamentos de radiotelemetria.

“O monitoramento é fundamental para avaliar o sucesso da soltura. A equipe coleta dados diariamente em diversas áreas da região, verificando como os peixes-bois estão se comportando e se adaptando ao ambiente natural”, destaca o presidente da AMPA, o veterinário Rodrigo Amaral.

Apoio internacional à conservação

O SeaWorld Conservation Fund é um dos principais parceiros do projeto, fornecendo recursos para a reabilitação, soltura e monitoramento dos animais.

“Sabemos que o peixe-boi da Amazônia está extremamente ameaçado, especialmente durante os períodos de seca severa, quando a caça se intensifica. O apoio do SeaWorld tem sido crucial para continuarmos esse trabalho com os filhotes órfãos”, reforça Amaral.

A expectativa da equipe é que, até 2026, pelo menos mais dez peixes-bois sejam soltos na RDS Piagaçu-Purus, contribuindo significativamente para a manutenção das populações naturais da espécie na região amazônica.

Fotos: Fernanda Farias/ AMPA

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