O hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, acaba de informar a morte do ex-governador Amazonino Mendes, de 83 anos de idade, por volta das 9h deste domingo (12). O quadro de saúde dele piorou nos últimos dois dias.
Desde novembro do ano passado, Amazonino combatia um quadro de pneumonia, além das complicações do diabetes. Nesse período, foi internado três vezes.
A primeira aconteceu logo após seu aniversário, comemorado no dia 16 de novembro. Na ocasião, ele apresentava quadro de diverticulite e de pneumonia. No dia 6 de dezembro, Amazonino teve alta, mas foi orientado a permanecer em São Paulo
No último dia 29 de dezembro, o ex-governador do Amazonas voltou a ser internado no Sírio-Libanês e não conseguiu avançar para um quadro de melhora.
Amazonino disputou as eleições em 2022, mas não conseguiu fazer campanha. Ele teve suas aparições em palanque, mas nas duas ocasiões não conseguiu ficar em pé.
No lançamento de sua candidatura, ele fez discurso sentado. Para aparecer na cidade, ele usou um carro aberto para evitar deslocamento a pé.
No dia da votação do primeiro turno, em 2 de outubro, Amazonino só compareceu em seu local de votação à tarde.
A estratégia de sua campanha foi evitar que sua imagem, debilitada, fosse usada por seus adversários durante o dia do pleito.
Amazonino Armando Mendes, nasceu no município de Eirunepé em 16 de novembro de 1939. Filho de Armando de Souza Mendes e Francisca Gomes Mendes.
Formado em direito pela Universidade Federal do Amazonas, era advogado e empresário.
Ele também fez carreira profissional no Departamento de Estradas e Rodagem do Amazonas entre as décadas de 1970 e 1980.
Mas, foi na carreira política, como governador e prefeito de Manaus, por três vezes, que se notabilizou.
Foi casado com Tarcila Mendes que morreu em 2015, com quem teve três filhos.
Prefeito biônico
A entrada de Amazonino na política ocorreu em 1983, quando assumiu a Prefeitura Municipal de Manaus, indicado pelo então governador do Amazonas, Gilberto Mestrinho. Seu “mandato biônico” terminou em 1986.
Nesse mesmo ano, concorre e vence, pela primeira vez, a eleição para o Governo do Estado.
Durante a sua gestão (1987–1990), um dos fatos marcantes foi a extinção da Polícia Civil, sob a alegação de que ela estava podre e corrupta.
A avalanche de ações judiciais impetradas por delegados e policiais colocados em disponibilidade fizeram Amazonino restaurar o “status quo”.
Festival de Parintins
Nesse seu primeiro mandato, Amazonino lançou as bases para o crescimento do Festival de Parintins. Em 1988, construiu o Centro Cultural de Parintins, mais conhecido como “Bumbódromo”, palco dos bumbás Garantido e Caprichoso.
Em Manaus, realizou obras de urbanização de diversos bairros, ajudou a implantar outros como o Mutirão, bairro Armando Mendes e construiu dezenas de casas populares.
Ainda é de sua primeira administração a restauração do Teatro Amazonas e do Reservatório do Mocó, ambos patrimônios culturais do Estado.
Terminado o primeiro mandato, Amazonino disputou e venceu, em 1990, a eleição para o Senado. Mas, só exerceu o mandato por dois anos porque entrou na disputa pela Prefeitura de Manaus em 1992.
Prefeito de Manaus
Após ser eleito prefeito da capital amazonense, Amazonino só ficou no comando da PMM nos anos de 1993 e 1994.
Nos dois anos de mandato, promoveu uma revitalização dos pontos turísticos e das avenidas da cidade.
O prefeito também inaugurou o complexo da Praia da Ponta Negra, implementou o SOS Manaus, sendo o primeiro serviço de resgate de emergência pública.
Por outro lado, Amazonino queria mais. Em 1994 deixa a Prefeitura de Manaus para disputar novamente o Governo do Estado quando vence a eleição em primeiro turno.
Terceiro Ciclo
O segundo mandato de Amazonino Mendes, como governador do Amazonas (1995–1998), foi marcado pela criação do programa “Terceiro Ciclo”, que pretendia revitalizar a economia do interior do Estado.
O programa veio para incentivar a agricultura em larga escala principalmente na região Sul do Estado. Por conta disso, anos depois, foi a região onde ocorreram os maiores desmatamentos (Humaitá, Lábrea e Apuí).
Em Manaus, constrói o Pronto Socorro João Lúcio, os Centros de Atendimento Integral à Criança (Caics), os Centros de Atenção Integral a Melhor Idade (Caimi); reforma e amplia o Hospital Adriano Jorge.
Em 1996 criou um bairro e um hospital para homenagear sua mãe, ambos com o nome de dela (Francisca Mendes).
Na área da educação, destaca-se a implantação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com a construção de vários campus no interior, até então restrita à Universidade Federal do Amazonas.
Reeleição e compra de votos
O ano de 1997, uma grande polêmica envolve o governador Amazonino Mendes.
Ao buscar a reeleição, pela primeira vez, o governador do Amazonas foi acusado de receber dinheiro para ajudar “comprar votos” dos parlamentares da Região Norte.
O objetivo era aprovar a emenda constitucional para reeleger o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Tanto FHC foi reeleito presidente da República quanto Amazonino Mendes foi reeleito governador do estado do Amazonas de 1999 a 2002.
Derrotas consecutivas
Somente em 2004, Amazonino Armando Mendes conhece sua primeira derrota. Perde a eleição para a Prefeitura de Manaus para Serafim Corrêa, recebendo 48,32% dos votos válidos.
Em 2006, tentou a eleição pela quarta vez a governador do Amazonas pelo PFL e foi derrotado pelo governador reeleito Eduardo Braga (PMDB) no primeiro turno, com 50,63%. Assim, não conseguiu ir para o segundo turno por apenas 0,63%, ficando em segundo lugar.
Vitória em 2008
Sua candidatura à prefeitura de Manaus em 2008 pelo PTB foi criticada por instituições como OAB e o Ministério Público do Estado do Amazonas, pois o mesmo, estaria respondendo a processos de crimes da lei de licitações, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes contra a ordem tributária.
Mesmo assim, o candidato Amazonino Mendes liderou a apuração no primeiro turno, com 402 717 votos (46,21% dos válidos), enquanto Serafim Corrêa (PSB), candidato a reeleição, recebeu 200 423 (23%).
Ao final daquela apuração, venceu o segundo turno das eleições, derrotando Serafim Corrêa, onde obteve 57,13% do total de votos válidos.
Cassação do mandato
No dia 27 de novembro, um mês depois de ser eleito, o prefeito Amazonino Mendes foi cassado pela juíza Maria Eunice Torres do Nascimento juntamente com seu vice, o deputado federal Carlos Souza (PP).
O motivo da cassação foi a apreensão, pela Polícia Federal de 419 requisições de combustível com a inscrição “Eleições 2008 – Amazonino Mendes”, que estavam com o gerente de um posto de gasolina no dia 4 de outubro.
Os advogados do candidato recorreram da decisão da juíza e no dia 16 de dezembro, por decisão liminar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amazonas o candidato pôde tomar posse no dia 1º de janeiro.
O processo foi julgado no TRE-AM em novembro de 2009, quando a corte decidiu, por maioria de votos, acatar o recurso interposto pelo prefeito e pelo vice e mantê-los no cargo.
O Ministério Público Eleitoral (MPE-AM) recorreu da decisão, mas o Tribunal Superior Eleitoral não conheceu do recurso e manteve Amazonino e Carlos Souza nos seus respectivos cargos.
O terceiro mandato de Amazonino Mendes como prefeito da capital Manaus foi entre os anos de 2009 e 2012.
Um dos destaques dessa gestão foi a criação do Programa Bolsa Universidade.
Mandato tampão
Com a cassação do governador José Melo, em 2016, o Estado do Amazonas teve eleições suplementares e Amazonino Mendes, que parecia estar aposentado, deixa o pijama, disputa e vence o pleito para o mandato tampão de 2017-2018,
Apoiado pelo então prefeito Arthur Virgílio Neto, o Negão venceu o segundo turno contra o ex-governador Eduardo Braga.
Em 2018, o ex-governador tenta novamente o quarto mandato, mas perde para o estreante Wilson Lima, que vence a disputa para o Governo do Amazonas.
Derrota para Davi Almeida
No alto dos seus 81 anos, Amazonino Mendes volta à cena política e concorre novamente à Prefeitura de Manaus nas eleições de 2020. Perdeu com 48,73% para David Almeida e assumiu a derrota.
Abatido pela idade (82 anos) e com um quadro grave de saúde, Amazonino tenta pela última vez voltar ao comando do Amazonas em 2022.
Última eleição
No ano anterior, em 2021, aparecia na frente do governador Wilson Lima – candidato à reeleição – em todas as pesquisas de opinião. Até mesmo no início da campanha eleitoral.
Mas, o ex-governador foi perdendo terreno, caindo para o segundo colocado nas pesquisas. Por conta da sua condição de saúde, não fez campanha de rua nem foi ao interior do Estado.
Sua rara presença física no processo eleitoral foi em carreatas ao lado do candidato a vice-governador Humberto Michiles.
Às vésperas do primeiro turno de 2022, as pesquisas revelaram que Amazonino Mendes sequer ia para o segundo turno. De fato, ocorreu. Perdeu a vaga para senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Em disputa apertada com o atual governador Wilson Lima (União Brasil) e o senador Eduardo Braga (MDB), o ex-governador terminou em terceiro com 18,56%, um total de 355.377 dos votos.
Fonte: BNC Amazonas
Foto: Reprodução
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